quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Texto: Deixar Viver


Com os pés descalços, piso na grama e olho o sol. A luz consome tudo, nada me assombra e minhas ideias tornam-se mais claras. Penso em como tudo é tão falho e frágil. Vidas que se acabam cedo demais, muitas vezes de forma tão boba.

Nada é imutável e tudo se transforma tão rápido, olho ao redor e me pergunto quando tudo mudou. Não sou mais constante...

Acho que parei. Parei de me importar com o outro e penso só em mim. Não to nem ai para o que me rodeia, eu só olho a minha felicidade. A brisa assanha meus cabelos e sinto o rosto corar. Penso em tudo que já vivi e me dou conta de que poderia ser pior.

Percebo que reclamo muito e deixo tudo por isso mesmo. Vejo a morte do meu semelhante de forma fria. A violência sem sentido. De repente me sinto um nada. Uma coisinha insignificante que gruda no sapato de alguém. Um estorvo.

Olho os casais que passam de mãos dadas, as crianças brincando alheias ao mundo e ao futuro tão incerto. Pessoas com os celulares a postos querendo gravar tudo e eternizar os momentos em um clique, mas esquecendo de vive-los. 

O ser humano é assim acha que tem tempo suficiente para tudo, para amar, pedir perdão e vai adiando a felicidade. Esperando o momento mais propicio para sentir, para se deixar levar pela felicidade.

Não quero mais parar, eu quero fazer, eu quero sentir, quero colocar em ação a minha felicidade em todos os segundos, minutos e horas disponíveis. Quero fazer valer essa pequena dádiva que ganhei, minha vida, tão doce, tão singela, tão bonita e tão curta. Não quero parar por nada, quero só viver em conjunto com o todo e ser melhor do que já fui. Quero me contagiar do sentimento de mudança, de amor ao próximo e de compaixão.

Não vou mais correr, vou me deixar viver.

Decidida coloco um pé na frente do outro, peço a Deus sabedoria e me forço pelo caminho com um sorriso cheio de esperança no rosto. 

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